Estamos quase a chegar ao período de férias e ao tão desejado mês de agosto. Um período tradicionalmente mais tranquilo, em que muitos aproveitam para abrandar, aguardando ansiosamente pelas férias grandes durante todo o ano, enquanto outros esperam que passe rapidamente porque pode significar muita confusão nos destinos escolhidos, ou, para muitos comerciais – até no imobiliário – uma diminuição de vendas.
Sazonalidade no mercado imobiliário: Sim ou não?
Eu sou um daqueles que acredita que não há sazonalidade no mercado imobiliário, especialmente no mercado residencial. Há, sim, alterações de procura devido a fatores económicos e índices de confiança.
A minha convicção baseia-se na minha experiência prática, que há mais de 30 anos me diz que a necessidade de uma casa para morar não está ligada a períodos do ano.
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O que motiva a procura de casa?
Vamos analisar com o que a mudança de casa está geralmente relacionada:
- Deixamos a casa dos nossos pais quando desejamos independência;
- Quando decidimos casar ou morar com alguém;
- Ao mudarmos de emprego para um local distante ou com trânsito complicado;
- Quando a nossa família aumenta pela primeira vez;
- Quando a nossa família cresce novamente;
- Quando os filhos mudam ou precisam de mudar de escola;
- Quando, infelizmente (ou não), nos divorciamos ou nos separamos;
- Quando precisamos de reduzir os nossos gastos devido a condições económicas menos favoráveis;
- Quando podemos mudar para melhor porque a poupança e ganho financeiro atual nos permitem;
- Quando a vida nos prega uma partida ou segue o seu rumo e deixamos alguém responsável por vender a nossa casa;
- Ou, simplesmente, porque nos apetece…
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Mudamos porque na vida acontecem-nos estas situações, e outras que possivelmente não mencionei, e que, na maioria das vezes, não têm relação com as estações do ano, ou com os meses em si…
Sim, é verdade que, a partir de agora e até agosto, 70 a 80% dos portugueses estão focados nas suas férias. Os seus pensamentos estão totalmente voltados para esse objetivo e isso pode afetar as expectativas dos agentes imobiliários e dos seus clientes neste período do ano. Mas uma coisa é certa: as pessoas continuam a sair de casa, a casar, a juntar-se, a ter filhos, a trocar de emprego, a trocar de cidade, a ter mais filhos, a divorciar-se ou a separar-se, a falecer e a mudar de casa, simplesmente porque querem e desejam e isso determina a sua vontade para a ação, mesmo que estejam 40º à sombra lá fora.
O número de visitas pode diminuir, os contatos tendem a ser menos frequentes, mas a qualidade deles aumentará e, consequentemente, o nível de serviço pode até melhorar em determinadas situações.
Mas, mesmo com a incerteza perante o atual clima macroeconómico, as famílias continuarão a avançar com a compra e venda de casa em Portugal.
A chegar ao período de férias, precisamos de ver oportunidades onde os outros veem dificuldades.
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