Ter casa é uma necessidade primária para quase todas as pessoas.

Já o dizia Maslow na sua célebre pirâmide onde considerava a segurança como fundamental. E segurança remete também para abrigo, teto ou para um sítio seguro onde podemos viver.

E por isso, não é por acaso que, para o comum dos mortais, a casa é seguramente o seu maior investimento e para onde vai a maior parte do seu dinheiro, seja para quem é arrendatário, ou proprietário.

Segurança é também ter dinheiro para levar a cabo esta necessidade. É uma condição fundamental não só para quem quer ter casa e tem os capitais próprios na totalidade (um nicho), mas também para quem recorre a financiamento (a maior parte de nós) e sabe que tem de ter dinheiro de parte para poder avançar para uma decisão.

Se concordam com a minha introdução, podemos então chegar à conclusão de que: quando se procura uma casa (ou mesmo antes), acabamos por desenvolver um medo: o medo que qualquer comprador tem de se enganar ou ser enganado na sua decisão de escolha.

Para um arrendatário este medo existe, mas em menor escala, pois o compromisso é substancialmente menor, a possibilidade de rescisão é mais fácil e rápida, e não há um risco de perda financeira avolumada porque não fez um investimento, fez sim o pagamento da utilização de um bem.

E se este medo é real para quem decide comprar numa fase de mercado do cliente vendedor, ou seja, numa fase em que o vendedor puxa os preços para cima pela pouca oferta para a procura existente, agora juntando a subida da Euribor (taxa indexante no crédito à habitação) e a tendência clara de subida da inflação, a decisão de compra de casa pode tornar-se num autêntico filme de terror.

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Calma, não se deixe paralisar pelo medo

A decisão está tomada, o momento ideal para si pode não coincidir com o momento de mercado, mas avance porque a sua vida não pode esperar. Prepare-se para ponderar todas as opções para procurar e comprar a casa ideal para a sua vida.

De uma forma simplista, existem pelo menos duas maneiras de começar a procurar e encontrar aquilo que parece ser uma missão impossível de comprar a casa ideal para si:

1. Sozinho

Vai à internet, mais precisamente aos portais imobiliários, faz a sua pesquisa através do filtro de critérios que deseja (zona, tipologia, preço, características, necessidades específicas como garagem, entre outras…) e automaticamente em alguns milésimos de segundo o portal indica-lhe as casas disponíveis no mercado para poder contactar o proprietário que está a vender, ou a agência ou agente imobiliário que está a promover.

No primeiro caso terá de lidar e eventualmente negociar com o proprietário a que vamos chamar de “próprio” e que claramente tem apenas um interesse: vender rápido,  pelo valor mais alto possível. Terá também de recorrer a apoio jurídico para formalizar todo o processo de propostas e contratualizações até ao dia da escritura, tendo a maior parte das vezes que lidar com o processo e financiamento, o que exige conhecimento técnico e tempo para obter a melhor opção para si.

No segundo caso, contacta com um agente imobiliário ou agência na esperança de obter mais garantias de segurança para o desenrolar do processo que irá necessitar de apoio em várias áreas como documentação, negociação e muitas vezes até financiamento, caso o mediador tenha o serviço de intermediário de crédito ou protocolo com instituições de intermediação e financiamento, parece uma melhor opção, certo?

Contudo há algo muito importante que deverá ter em consideração: em Portugal, a maioria das empresas de mediação são remuneradas pelo cliente proprietário, logo, irão negociar as melhores condições a favor do seu verdadeiro cliente, cumprindo a sua missão de defender os interesses de quem o contratou e o objetivo de transação rápida, pela melhor proposta possível dentro das necessidades do seu cliente, o cliente vendedor.

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2. Com a ajuda de um Agente Imobiliário especializado em cliente comprador.

Em vez de começar a procurar imóveis na net como “se não houvesse amanhã” de forma frenética, exaustiva e até desmesurada, porque não começar ao contrário? Ou seja, porque não começar por encontrar um profissional que possa fazer esse trabalho por si?

Pode parecer estranho e pode até achar que pode ser um processo mais lento, contudo, se encontrar o profissional certo para si, pode estar a dar início a uma experiência fantástica que o vai deixar menos ansioso porque sabe que será acompanhado, assessorado e protegido numa das decisões mais importantes para a sua vida.

Hoje já encontra profissionais que se dedicam realmente a quem decide comprar, o importante é mesmo saber encontrar o profissional certo para si, deixo-lhe aqui algumas dicas:

  • Fale com pessoas da sua confiança que compraram casa recentemente, procure saber qual foi a sua experiência, foque-se nos agentes e não apenas nas marcas;
  • Procure empresas de mediação imobiliária que se dediquem exclusivamente a compradores ou que anunciem ter um serviço nesse sentido. Em Portugal existem poucas empresas de home hunting, mas boas;
  • Procure sempre agentes ou agências que partilhem, ou seja, que conseguem disponibilizar-lhe a escolha de todas as casas do mercado que podem ser uma opção para si, mesmo aquelas que não são promovidas por eles, ou pelas suas marcas;
  • Em todos os casos procure informações que comprovem a forma de trabalhar, a personalidade e claro, os resultados de quem o vai ajudar. 

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Depois de saber como pode decidir, solicite uma reunião.

Esta reunião tende a demorar tempo pois é uma reunião onde deve falar sobre tudo o que precisa para a sua vida e para a decisão de compra da sua casa, organize tudo em 3 itens:

  1. Motivação da Compra: Qual a razão da sua decisão de compra? Em quanto tempo espera realizar este processo?
  2. Desejos e Necessidades da Compra: O que deseja? O que pretende? O que realmente precisa da sua casa e da zona onde ela se poderá inserir?
  3. Critérios e Meios Necessários da Compra: Qual é o budget? Qual é a sua situação financeira? Precisa de financiamento? Como pretende ser ajudado para montar esta operação?

Defina o serviço de acompanhamento que quer ter e o prazo para todo o processo em sintonia com a sua urgência.

Certifique-se que existe apoio jurídico e processual.

Se for o caso, assine um contrato de representação, verifique se há lugar a remuneração e se sim, de que forma. Exija garantias de serviço.

Avance para a melhor decisão para si e não tenha medo de comprar casa quando sabe que pode ser ajudado de forma segura, assertiva e empática!

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