No início do ano as expectativas de crescimento para a economia mundial eram positivas. Com a normalização da inflação, os Bancos Centrais preparavam-se para reduzir as taxas de juro e com isso acelerar o crescimento económico através da redução dos custos de financiamento. Porém, houve um acontecimento que fez estremecer os mercados financeiros e reduzir as perspetivas económicas para o ano de 2025.

As tarifas de Trump

Durante a campanha eleitoral, Donald Trump tinha prometido que iria combater aquilo que apelidava de “aproveitamento por parte dos restantes países” nas trocas comerciais com os EUA. Ao longo do seu anterior mandato, Trump já tinha encetado algumas medidas para “corrigir” aquilo que entendia ser uma vantagem comercial dos outros países relativamente aos EUA. Na altura o seu grande foco foi a China.

Ninguém tinha dúvidas de que o Presidente dos EUA iria voltar a colocar o foco e a pressionar a China com o intuito de obter vantagens económicas e, em simultâneo, uma boa reação por parte da opinião pública. O que pouca gente esperava é que Trump anunciasse tarifas para todos os países do mundo, gerando uma enorme onda de incerteza e instabilidade nos agentes económicos.

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A surpresa

A incerteza e instabilidade são dois dos fatores que têm maior impacto no rumo da economia mundial e dos mercados financeiros. Numa primeira fase Trump anunciou tarifas globais de 10% sobre todos os produtos, tendo aumentado esta percentagem relativamente a alguns países ou blocos específicos como a China, União Europeia ou Canadá.

A reação dos mercados financeiros não se fez esperar. Uma queda generalizada dos índices americanos lançou o alerta. As opiniões de vários economistas e casas de investimento reforçaram a preocupação com o caminho seguido. As perspetivas para a economia mundial começaram a ser reduzidas. Isto sucedeu em apenas alguns dias. A resposta e reação da China relativamente às tarifas que os EUA lhe aplicaram, apenas reforçaram o clima de instabilidade e incerteza.

Percebendo a forma como tudo estava a decorrer, Trump utilizou a sua habilidade para acalmar um pouco os mercados financeiros. Assim, anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas aplicadas a todos os países com exceção da China. Neste período de 90 dias o objetivo de Trump será renegociar aquilo que para ele serão acordos comerciais justos entre os EUA e os restantes países.

O que esperar

Quase um mês após esta tomada de posição por parte do Presidente do EUA, a incerteza mantém-se. Os mercados financeiros estão nervosos. As empresas têm dificuldade em perspetivar o que vai acontecer. Por norma, quando isto acontece a tendência é jogar à defesa, ou seja, reduzir o investimento. As perspetivas económicas permanecem incertas.

A Fed (Reserva Federal Americana) tem dificuldades em tomar medidas. Se por um lado a inflação tem vindo ao encontro do objetivo definido pela Fed, por outro, ninguém sabe muito bem quais serão os efeitos dos aumentos de tarifas no preço dos bens e serviços. Adicionalmente, Jerome Powell, presidente da Fed, tem dificuldades em percecionar o caminho que está a ser seguido pela economia americana.

A realidade é que os EUA têm um Presidente que toma decisões pelas redes sociais e que é muito instável. Estes factos não trazem segurança aos consumidores, às empresas, aos parceiros, aos fornecedores e muito menos aos agentes decisores. Não há dúvida alguma que estamos numa fase de águas agitadas e com muita turbulência. Também temos a noção de que esta crise foi provocada por uma tomada de posição do Presidente dos EUA, ou seja, não teve por base algo estrutural e difícil de corrigir.

Nos últimos meses, as oscilações nos mercados financeiros foram acentuadas. Quando a incerteza impera, a reação dos investidores costuma ser de “retirada”. Contudo, é determinante manter a calma e esperar para perceber como vão evoluir as negociações. Evitar decisões impulsivas é fundamental numa estratégia de investimento de longo prazo.

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