Devido aos ajustes nas tabelas de retenção na fonte no ano passado, é provável que o seu reembolso de IRS em 2025 seja mais baixo do que em 2024. É até possível que, em vez de receber, tenha de pagar o acerto. No entanto, caso receba algum dinheiro, este valor pode ser uma ajuda preciosa para reforçar as suas finanças pessoais.
De acordo com a secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, Cláudia Reis Duarte, a redução do prazo médio do reembolso do IRS vai manter-se este ano. E com a liquidação emitida, os reembolsos começam a cair na conta em poucos dias.
Seja qual for o valor que vai receber, o importante é não desperdiçá-lo. Em vez de ceder a compras impulsivas, conheça neste artigo 12 formas de usar o reembolso de IRS para garantir mais estabilidade e bem-estar financeiro a longo prazo.
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12 formas de usar o reembolso de IRS
- Elimine as dívidas dos seus cartões de crédito
- Verifique se compensa usar o reembolso de IRS para baixar outras prestações de crédito
- Reforce o seu fundo de emergência
- Melhore a eficiência energética da sua casa
- Crie uma poupança para objetivos específicos
- Tem despesas anuais elevadas? Crie uma “reserva” para cobrir estas despesas com o reembolso de IRS
- Pense no futuro e subscreva um Plano Poupança Reforma (PPR)
- Preocupado com o futuro dos seus filhos? Este valor pode ser o ponto de partida para os ajudar na vida adulta
- Tem aversão ao risco? Pode usar o reembolso de IRS para investir em produtos de capital garantido
- Com finanças estáveis pondere investimentos com potencial de valorização
- Invista na sua formação
- Não há mal nenhum em usar o reembolso de IRS para cuidar de si (pelo contrário)
Elimine as dívidas dos seus cartões de crédito
O reembolso de IRS pode ser um excelente recurso para liquidar dívidas, especialmente aquelas com taxas de juro mais altas, como as dívidas parceladas de cartões de crédito. Por exemplo, um cartão com uma taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) de 19% pode gerar um custo significativo se não for amortizado rapidamente. Caso tenha mais de um cartão de crédito por liquidar, usar o reembolso de IRS para pagar estas dívidas significa uma poupança futura e menos pressão no seu orçamento.
Além disso, ao reduzir a sua taxa de esforço, poderá melhorar o seu perfil de crédito e ficar elegível para financiamentos futuros com melhores condições.
Uma boa estratégia é listar as dívidas pela taxa de juro e valor em aberto e começar pelas mais caras. Esta abordagem tem impacto imediato e ajuda a evitar o círculo vicioso do endividamento.
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Verifique se compensa usar o reembolso de IRS para baixar outras prestações de crédito
Se contratou um ou mais créditos, sabe o impacto que as prestações mensais têm no seu orçamento familiar. Dependendo dos valores em dívida e do montante que vai receber, usar o reembolso de IRS para amortizar total ou parcialmente um empréstimo pode ser uma estratégia inteligente. Afinal, ao reduzir a dívida, também diminui os juros a pagar no futuro. Mesmo que a amortização não seja elevada, o alívio na prestação mensal será notório.
E como indicado, dê prioridade aos créditos com taxas de juro mais altas. Se não tem dívidas em cartões de crédito, avalie os encargos do crédito pessoal ou crédito automóvel. Estes empréstimos também podem ter custos elevados e, desta forma, consegue baixar a prestação mensal ou reduzir o prazo do crédito. A amortização de um crédito ajuda muitas famílias a equilibrar o orçamento e a ganhar uma folga financeira a curto e médio prazo.
Tem apenas um crédito habitação? Então não se precipite com a amortização. Dado que este financiamento tem, por norma, um custo mais elevado, é preciso ter atenção à comissão de reembolso antecipado (2% do valor amortizado em créditos com taxa fixa e 0,5% em créditos com taxa variável) e ponderar se realmente vale a pena investir o seu reembolso de IRS na amortização parcial.
Contudo, os empréstimos com taxa variável para compra ou construção de habitação própria e permanente estão temporariamente isentos dessa comissão. Até ao final do ano, pode usar o reembolso de IRS para amortizar o seu crédito habitação sem custos adicionais. Faça contas e veja se compensa aproveitar esta janela de oportunidade para reduzir a dívida associada à compra da sua casa.
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Reforce o seu fundo de emergência
Um fundo de emergência deve cobrir entre três e 12 meses das suas despesas essenciais, como renda, alimentação, transportes e saúde. No entanto, são muitos os portugueses que ainda não têm esta reserva criada.
Segundo o estudo “O Bem-Estar Financeiro em Portugal: Uma Perspetiva Comportamental”, desenvolvido pelo Doutor Finanças em parceria com a Laicos – Behavioural Change, num projeto que contou com a chancela científica da NOVA IMS e da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL), 42% dos portugueses não têm um fundo de emergência capaz de cobrir as suas despesas durante três meses.
Quando não tem um fundo de emergência, fica mais vulnerável financeiramente perante imprevistos, como uma avaria no carro ou perda de rendimento. Desta forma, o reembolso de IRS pode ser a oportunidade ideal para construir ou reforçar este “colchão financeiro”.
Mas de quanto precisa para ter um fundo de emergência criado? Suponha que o seu agregado familiar precisa de 1.500 euros por mês para cobrir os gastos essenciais. Neste caso, o seu fundo de emergência deve ter um valor entre os 4.500 euros (três meses) e 18.000 euros (12 meses).
Guarde este valor numa conta à ordem remunerada, num depósito a prazo ou noutro produto financeiro que permita uma liquidez imediata. Assim, este dinheiro fica “a render”, por menor que seja a taxa atribuída.
Contudo, o mais importante é que esteja acessível em caso de necessidade, mas separado do dinheiro do dia a dia. Um bom fundo de emergência traz tranquilidade e evita recorrer a crédito em momentos de aperto.
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Melhore a eficiência energética da sua casa
Substituir janelas antigas, trocar eletrodomésticos por modelos A (de acordo com as novas etiquetas energéticas) ou investir em painéis solares são medidas que têm impacto direto nas faturas mensais e valorizam o imóvel. Embora o Programa de Apoio Edifícios Mais Sustentáveis tenha sido cancelado para 2025, é importante que continue atento às medidas abrangidas pelo Fundo Ambiental no futuro.
Mas mesmo sem comparticipação do Estado, ao melhorar a eficiência energética da sua casa, consegue obter uma poupança significativa em energia e água a longo prazo. Além disso, este tipo de investimento valoriza a sua casa e traz-lhe mais conforto no dia a dia.
No entanto, este pode ser um investimento elevado. Por isso, peça orçamentos, faça cálculos e veja qual é a melhor opção para começar.
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Crie uma poupança para objetivos específicos
Tem em mente umas férias, uma remodelação da casa ou a compra de um eletrodoméstico? Use o reembolso para criar uma poupança com esse objetivo específico. Mesmo que não aplique a totalidade do valor, crie um mealheiro digital ou depósito a prazo para esse fim. Esta é uma boa forma de melhorar a sua gestão financeira e manter o foco, evitando gastar o valor noutras despesas ou contrair um novo crédito.
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Tem despesas anuais elevadas? Crie uma “reserva” para cobrir estas despesas com o reembolso de IRS
Prémios de seguros, impostos, como Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) ou o Imposto Único de Circulação (IUC), ou despesas escolares costumam surgir de forma concentrada em certas alturas do ano. No entanto, se quiser evitar que estas despesas desestabilizem o seu orçamento, pode usar o reembolso de IRS para criar uma reserva que cubra estes encargos.
Contudo, em muitas famílias, o valor do reembolso de IRS pode não chegar para pagar a totalidade destas despesas ou ser necessário para outra finalidade. Se este é o seu caso, pode dividir o valor total destes encargos por 12 e transferir mensalmente para uma conta à parte. Assim, terá o montante disponível quando as despesas surgirem. Este hábito simples facilita a gestão financeira e reduz o risco de endividamento sazonal.
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Pense no futuro e subscreva um Plano Poupança Reforma (PPR)
Ter um complemento da reforma é essencial para quem pretende manter o mesmo estilo de vida depois de estar reformado. Por isso, quanto mais cedo preparar o seu futuro, melhor. Uma solução simples, conhecida por muitos portugueses e com vantagens fiscais associadas, é criar um Plano Poupança Reforma (PPR). E dependendo do PPR que escolher, pode usar o reembolso de IRS para alcançar este objetivo.
Ao subscrever um PPR, pode deduzir até 20% à coleta do montante anual investido. O teto máximo da dedução vai de 400 (até aos 35 anos), passando pelos 350 euros (entre 35 anos e os 50 anos) até aos 300 euros (a partir dos 50 anos). Se quiser usufruir dos benefícios fiscais à entrada de um PPR, considere que, se pedir o reembolso fora das condições legais, tem de devolver as deduções, acrescidas de uma penalização de 10% por cada ano que tiver passado.
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Porém, este produto também pode ser usado como complemento a um fundo de emergência ou como reserva para outros objetivos de longo prazo. É importante, no entanto, escolher um PPR com perfil de risco ajustado à sua idade e tolerância a variações de mercado.
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Preocupado com o futuro dos seus filhos? Este valor pode ser o ponto de partida para os ajudar na vida adulta
Criar uma poupança em nome dos filhos é um gesto de responsabilidade e amor. Pode servir para pagar a universidade, o primeiro carro ou ajudar na entrada de uma casa. Com o reembolso de IRS, pode abrir uma conta-poupança jovem, aplicar em certificados de aforro ou até mesmo criar um PPR para o seu filho. O mais importante é tentar rentabilizar esta poupança para aumentar o valor final quando o seu filho atingir a maioridade.
Além disso, esta também é uma oportunidade de ensinar os seus filhos sobre finanças, mostrando a importância de poupar e investir desde cedo.
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Tem aversão ao risco? Pode usar o reembolso de IRS para investir em produtos de capital garantido
Com a crescente instabilidade económica, muitos portugueses procuram formas seguras de rentabilizar as suas poupanças. Os certificados de aforro, agora com uma nova série (CA Série F) com o limite máximo de subscrição de 100 mil euros, continuam a ser uma opção atrativa, especialmente para quem valoriza segurança e rendimento sem risco.
Caso não conheça as regras deste produto, saiba que o investimento mínimo inicial é de 100 euros e os reforços podem ser feitos a partir de 10 euros. É possível manter o produto durante um máximo de 15 anos, mas pode levantar o seu dinheiro a partir dos três meses. Independentemente da opção, não existem custos adicionais.
Além disso, a taxa de juro base, determinada pela média da Euribor a três meses, não pode ser inferior a 0% nem superior a 2,5%. Contudo, a partir do segundo ano, soma-se um prémio de permanência que começa nos 0,25% e evolui ao longo do tempo até chegar a 1,75% nos últimos dois anos. Ou seja, a taxa de juro máxima é de 4,25% (2,5% base + 1,75%). Logo, usar o reembolso de IRS para subscrever este tipo de produtos pode ser uma escolha acertada.
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Por fim, também tem como opção investir em contas poupança remuneradas ou depósitos a prazo que permitem aplicar pequenas quantias com liquidez razoável. Mas tenha em consideração que muitos dos depósitos a prazo com maior rendimento têm condições promocionais que apenas se aplicam durante três ou seis meses – terminado esse período, terá de procurar outra solução para que o seu dinheiro continue a render, o que pode ser pouco prático. Seja como for, o importante é não deixar o reembolso parado numa conta à ordem sem rendimento.
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Com finanças estáveis pondere investimentos com potencial de valorização
Se já tem estabilidade financeira e algum conhecimento sobre o mercado, pode aplicar o reembolso de IRS para criar uma carteira de investimentos. Esta deve ser composta por vários tipos de ativos, consoante o seu perfil de investidor.
Nota: Pode recorrer ao simulador de perfil de investidor para perceber quais são os investimentos mais adequados para si.
Depois, consoante os seus objetivos, informe-se sobre os vários produtos financeiros em que pode investir. Alguns exemplos são os certificados de aforro, ETF, ações, obrigações e fundos de investimento, entre outros. A seguir, deve medir o risco e o retorno de cada investimento e traçar uma estratégia consoante os seus objetivos, sejam estes a curto ou a longo prazo.
Contudo, antes de dar este passo, informe-se bem sobre todos os riscos e custos associados aos produtos que pretende investir, mas também sobre as plataformas de investimento ou corretoras.
Lembre-se que pode construir uma carteira lentamente até dominar os vários produtos e mercados financeiros. Porém, quanto mais cedo começar a investir, maior é a probabilidade de obter um rendimento extra atrativo a longo prazo.
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Invista na sua formação
Cursos técnicos, formações profissionais ou especializações online são cada vez mais acessíveis e relevantes para o mercado de trabalho. Utilizar o reembolso de IRS para investir em formação pode resultar num aumento direto do rendimento, mais oportunidades de progressão na carreira ou até numa transição profissional. Este tipo de investimento tem retorno garantido a longo prazo.
Não há mal nenhum em usar o reembolso de IRS para cuidar de si (pelo contrário)
É perfeitamente válido usar parte do reembolso de IRS para cuidar de si. Aliás, este tipo de investimento é essencial para manter a sua saúde física e mental saudável. Afinal, quanto mais saudável e feliz estiver, maior capacidade terá para gerir as suas finanças pessoais.
O segredo está no equilíbrio. Defina uma percentagem do valor do reembolso de IRS para estas despesas (por exemplo, 10% a 20%) e use o restante de forma estratégica. Assim, consegue desfrutar um pouco sem comprometer o futuro.
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