Poder carregar o carro elétrico em casa é uma questão a ter em conta se está a ponderar comprar um. A compra deste tipo de veículo é cada vez mais uma opção para os portugueses, quer pelo aumento da consciencialização ambiental, quer pela subida da gasolina e gasóleo ou pelos incentivos financeiros à sua aquisição.
Carregar o carro na rua, num dos postos públicos de carregamento é possível, mas tem de fazer um contrato com um dos Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME). Vai então pagar não só o custo por kWh definido no contrato e os impostos, mas também a tarifa cobrada pelo operador do posto utilizado.
A alternativa é carregar o carro elétrico em casa, mas nem sempre é fácil.
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Moradia ou apartamento pode fazer a diferença
Se mora numa moradia, mesmo não tendo garagem não terá dificuldade em carregar a bateria, já que consegue estacionar de modo a poder ligar uma tomada ao seu veículo.
Porém, o mesmo não acontece se vive num apartamento. Neste caso, depende do tipo de estacionamento que tem no prédio.
Se não tem garagem com box individual ou lugar de estacionamento é praticamente impossível. Fazer o carregamento, mesmo usando uma extensão elétrica, a menos que more no rés do chão e consiga encostar o carro a uma janela, é inviável.
Garagem individual é a situação mais fácil
No caso de ter garagem individual o carregamento do seu carro é fácil. Tem, certamente, pontos de eletricidade que se encontram ligados ao quadro elétrico do seu apartamento, pelo que vai pagar a eletricidade que gastar diretamente na fatura mensal.
Logo, sugerimos que escolha um tarifário que lhe permita poupar nas horas em que carrega o carro. Caso tenha uma tarifa bi-horária, por exemplo, carregue o carro nas horas de vazio.
Se carregar em lugar de estacionamento tem de informar o condomínio
Se tem um lugar de estacionamento na garagem do seu prédio é possível carregar o carro numa das tomadas ligadas ao quadro elétrico das zonas comuns.
Contudo, este é da responsabilidade do condomínio e, por isso, tem de falar com os responsáveis. Assim, tem de acordar a forma de contabilizar a energia consumida com o carregamento do seu veículo e o como vai pagar. Note, existem no mercado contadores que pode instalar com ligação às tomadas para carregar carros elétricos e que permitem saber com rigor qual foi o consumo de energia.
Pode também pedir para instalar um ponto de carregamento perto do local onde tem o carro estacionado, mas tem de pedir autorização ao condomínio com 30 dias de antecedência antes da sua instalação.
Ainda assim, a administração do condomínio pode opor-se a essa instalação em algumas situações. Nos termos do artigo 29.º do Decreto-Lei n.º 39/2010 pode opor-se à instalação do ponto de carregamento elétrico se:
- no prazo de 90 dias, instalar um ponto de carregamento de baterias de veículos elétricos para uso partilhado que cumpra os mesmos objetivos
- quando o edifício já disponha de um ponto de carregamento para uso partilhado
- se a instalação do ponto de carregamento colocar em risco efetivo a segurança de pessoas ou bens ou prejudique a linha arquitetónica do prédio.
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Tomadas elétrica que pode usar para carregar o seu carro
Em casa, pode usar uma tomada normal para carregar o seu carro elétrico.
A maior parte dos carros elétrico traz um cabo que permite carregar a bateria numa tomada convencional que tenha uma ligação à terra. Para que não haja sobreaquecimento enquanto carrega o carro, o cabo vem equipado com uma tomada modelo “Schuko” que tem um sensor de temperatura.
Do lado do veículo, a tomada está equipada com uma ficha “Type 2” ou “Mennekes”, ideal para carregamentos com corrente alternada, a corrente que chega a nossas casas.
Tenha em atenção que os carregamentos em tomadas convencionais são mais lentos do que os que se fazem nos postos públicos de abastecimento. O que não é propriamente mau já que ajuda a preservar a vida útil da bateria do seu veículo. Não se esqueça que, em termos de custos, também pode ser mais barato carregar o carro elétrico em casa se tiver uma tarifa bi-horária.
Outro tipo de tomadas que pode usar
Existem outras soluções de carregamento em casa para além das tomadas tradicionais.
Uma das soluções é a “wallbox”. São unidades de carregamento que se montam na parede permitindo adaptar a energia da rede doméstica para que seja disponibilizada uma maior potência de carregamento para o carro.
Existem também carregadores portáteis. Permitem maiores amperagens e, por isso, proporcionam potências superiores de carregamento. Assim, diminui-se o tempo de carregamento da bateria do veículo elétrico, uma questão principalmente relevante nas baterias elétricas mais potentes, cujo carregamento numa tomada convencional pode levar até dois dias para estar concluído.
Ter a bateria a funcionar em perfeitas condições é essencial
Se a bateria é importante num carro a gasolina ou gasóleo, num carro elétrico é de vital importância.
É certo que as baterias têm uma garantia do fabricante de 8 anos. Mas, existem alguns cuidados que pode ter para prolongar a vida útil da sua bateria, nomeadamente:
Não carregar a 100%
Carregar a 100% é um dos erros mais comuns. Idealmente a bateria deve estar carregada a 80%. Para além de ser mais eficiente, em termos de tempo, saiba que carregar os últimos 20% demora o mesmo tempo que carregar os primeiros 80%.
Não deixar descarregar a bateria
Carregar a 100% a bateria tem consequência no seu tempo de vida útil, mas não é menos verdade que fazer o inverso – ou seja, deixar descarregar na sua totalidade, também não é o ideal. O desgaste da bateria é menor e vai durar, por isso, menos tempo.
Não acelerar bruscamente
Conduzir em alta velocidade, para além de ser perigoso, tem consequências na bateria. As acelerações em andamento levam a uma descarga mais rápida da bateria, aumentando a sua deterioração. E se estiver numa viagem longa, quer conseguir chegar, certo? Se a bateria descarregar tem de parar num posto de carregamento público, perde tempo e dinheiro.
Evitar o carregamento rápido
Esta é mais uma regra de ouro para prolongar a vida de uma bateria. O tipo de carregamento rápido deve ser usado se estiver a meio de uma deslocação longa.
Em situações normais do dia a dia, evite-o. Vai utilizar voltagens mais elevadas contribuindo, assim, para o aumento da temperatura da bateria e consequentemente para o seu desgaste.
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