A transparência fiscal, alinhada com o grande desígnio do desenvolvimento sustentável, é uma das gigantes questões da gestão de empresas que não pede licença para passar e também não tira férias. Tal é a sua urgência. Todos os dias são bons para nos desafiarmos a refletir sobre o caminho que estamos a fazer neste sentido, único.
Ainda assim, por esta altura e por este mundo fora, ultimam-se planos e orçamentos para o novo ano e, por entre balanços e projeções, é-nos mais fácil perceber até onde levámos o nosso compromisso de transparência fiscal e com que margem de melhoria partimos para mais uma jornada.
Numa gestão que se quer próxima e totalmente transparente, como a que diariamente ajudo a construir, aqueles para quem trabalhamos estão no centro de toda a nossa estratégia.
Importa-nos, e arrisco-me a dizer que a todos deveria importar, que a comunidade saiba que não reduzimos as obrigações fiscais ao pagamento dos impostos. A forma como recolhemos, tratamos e, de forma acessível, reportamos toda a informação fiscal; ou o tanto que nos guiam as mais diversas boas práticas, têm de ser percecionadas e conseguir gerar confiança junto dos clientes, colaboradores e de todos os stakeholders. Reputação e credibilidade são vetores fundamentais em rotas de sucesso.
ESG e ODS: há siglas que nada encurtam e até expandem horizontes
Nesta demanda de “contribuir para um mundo melhor” (incrível como esta expressão resiste a ser um cliché e não perde sentido ou atualidade), há muito que a fiscalidade foi “chamada à colação”.
Abraçar o desafio das finanças sustentáveis e definir estratégias de crescimento seguindo os critérios ESG (originários da sigla inglesa significam Environmental, Social and Governance) é um comboio em andamento que as empresas portuguesas não podem perder.
Estes critérios, que traduzimos para Ambiente, Social e Governação, surgiram no quadro dos objetivos estratégicos associados à Agenda 2030 e aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), adotados pelos Estados-membros das Nações Unidas desde 2015, e são hoje a bitola para a avaliação do desempenho das empresas e instituições em matéria de sustentabilidade.
Particularmente sob a perspetiva da Governação, as decisões em matéria fiscal agigantaram-se enquanto indicadores de uma política de responsabilidade corporativa e de sustentabilidade comprometida com a sociedade.
Neste cenário, a transparência fiscal só nos veio acrescentar, enquanto gestores (mas também enquanto pessoas). Temos, cada vez mais um maior rigor no cumprimento legal das obrigações; uma melhor gestão assente num melhor planeamento financeiro; um reforço da barreira natural à corrupção; uma melhoria da imagem e reputação; uma redução de riscos de natureza diversa; e ainda, uma forte consolidação de um ambiente de segurança numa cultura organizacional que prima pela integridade e conformidade.
Estou convicto de que é também através da transparência fiscal que vamos encurtar distâncias e expandir relações. Iremos muito para além da globalização. Falaremos a mesma língua. E os negócios não conhecerão, mesmo, fronteiras.