As ações de voluntariado, para além de lhe trazerem satisfação pessoal por ajudar os outros, podem ser uma forma de se diferenciar de outros candidatos ao emprego que tanto ambiciona. Por isso, é importante que as inclua no seu curriculum.
A entrada no mercado de trabalho é um desafio e a concorrência é sempre muita. Mas se quer mudar de emprego ou experimentar uma nova área profissional os desafios também podem ser grandes e pode deparar-se com algumas dificuldades.
É certo que com o aumento da escolaridade, a igualdade de competências académicas, ao concorrer a um emprego, é uma realidade. Porém, numa altura em que as empresas estão a dar uma maior importância às soft skills dos candidatos, as médias académicas começam a perder peso. Logo, incluir ações de voluntariado no curriculum pode mesmo ser de vital importância.
Porque dão as empresas cada vez mais importância às soft skills?
Face à constante e rápida mudança do mundo, as empresas procuram colaboradores que, para além das competências técnicas, que são obviamente importantes, mostrem capacidade de adaptação rápida a novas situações, mantendo o foco e, sobretudo, que consigam fazer uma gestão equilibrada e eficaz do seu tempo.
Quando se demonstra ter apenas tempo para estudar sem fazer uma qualquer atividade complementar (por exemplo, cantar num coro, fazer desporto ou participar em ações de voluntariado) não se evidencia capacidade de adaptação e gestão eficaz do tempo.
Atualmente, as atividades não académicas são muito valorizadas num recrutamento, destacando-se todos aqueles que são pró-ativos e se empenham em várias tarefas e ocupações sem perderem o foco académico.
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O que são soft skills?
As soft skills são competências individuais associadas ao comportamento. De acordo com o Salary Survey 2021, da Robert Walters Portugal, as soft skills mais importantes para os recrutadores são:
- Trabalho de equipa
- Resolução de problemas
- Resiliência
- Pensamento crítico
- Competências de comunicação
Porque são valorizadas as ações de voluntariado no seu curriculum?
As ações de voluntariado permitem desenvolver na sua totalidade as competências individuais consideradas como soft skills. São também uma forma de demonstrar aos empregadores que tem um sentido de responsabilidade social.
As empresas estão, cada vez mais, centradas neste tipo de ações e muitas incentivam os seus colaboradores a dar horas do seu tempo a estas estas ações, de forma continuada ou não. Assim, é crescente o número de empresas que organiza ações de solidariedade socia, enquanto teambulding, ou criam bolsas de horas para os funcionários fazerem voluntariado.
Assim, se fez ou faz voluntariado (mesmo que por algumas horas ou dias em tempo de férias escolares) inclua no seu curriculum as atividades desempenhadas, a instituição e o período do voluntariado. Esta experiência pode mesmo compensar uma eventual falta de experiência na sua área profissional.
Voluntariado: uma experiência gratificante
O voluntariado destina-se a ajudar os outros. Logo, o foco deve estar no benefício que os outros vão ter com as suas ações e o seu tempo. Mas, ao ajudar, vai constatar que para si será uma experiência gratificante e uma forma de realização pessoal.
Assim, se está a pensar fazer voluntariado, antes de começar, tome nota de alguns pontos importantes a ter em conta:
1. O importante é ajudar
Este é o primeiro aspeto que deve ter em conta: o objetivo de todas as ações de voluntariado é ajudar os outros.
Existem inúmeras entidades onde pode fazer voluntariado, com diversas abrangências e diferentes objetivos. Mas, lembre-se, o importante é que vai estar a ajudar quem de facto precisa e para quem qualquer ajuda será bem vinda.2.
2. Os outros vão depender de si
Sim, se começar a fazer voluntariado tem de estar comprometido com a ação que decidiu abraçar.
A partir desse momento, ao comprometer-se com os outros, este vão depender de si. Não só quem está a tentar ajudar, mas também toda a equipa que vai integrar (vê alguma semelhança com o que se vive numa empresa?).
Assim, defina realisticamente;
- O tempo que pode mesmo dispor (seja uma hora por semana, mês…). O importante é que possa de facto cumprir;
- O que consegue fazer. Por exemplo, se tem medo de animais, fazer voluntariado num grupo de resgate de animais, não é indicado para si.
3. Escolha área de voluntariado que lhe interessa
A escolha da área de voluntariado prende-se com os seus gostos, mas não tem de estar ligada à sua área profissional. Se gosta de crianças ou de idosos, porque não fazer voluntariado numa IPSS ou num lar? Se nada tiver a ver com as suas habilitações académicas, mostra que tem outros interesses. No seu curriculum, esta atividade não vai ser vista de forma negativa.
No voluntariado, o mais importante é que se sinta realizado e aumente a sua realização pessoal.
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Onde pode fazer voluntariado
A nível nacional e internacional existem muitas entidades nas quais pode fazer voluntariado e nas mais diversas áreas. Existem também plataformas que o podem ajudar a encontrar o que mais se adapta ao que pretende.
Contudo, se pretende ajudar a sua comunidade, sugerimos que se dirija à sua junta de freguesia e pergunte sobre a existência destas entidades, na sua área de residência. A comunidade local pode ser um bom ponto de partida para fazer voluntariado.
Ainda assim, reunimos um grupo de entidades que pode analisar e perceber se, dentro dos seus planos, fazem sentido.
Entidades individuais
Banco Alimentar contra a Fome – os voluntários participam em ações de recolha de alimentos ou na organização e distribuição dos mesmos.
Comunidade e Vida e Paz – organização de apoio aos sem abrigo. Os voluntários saem, à noite, em carrinhas para distribuir alimentos. O objetivo principal é retirar os sem abrigo da rua levando-os para os centros que promovem a reinserção social.
ReFood – voluntários recolhem alimentos de restaurantes, supermercados e eventos. Depois, encarregam-se da sua preparação e distribuição por quem mais precisa.
Associação Nuvem Vitória – todas as noites, as equipas de voluntariado contam histórias de embalar a crianças hospitalizadas.
Fundação Infantil Ronald McDonald – os voluntários apoiam famílias com crianças hospitalizadas. Podem acolher as famílias, preparar refeições, proporcionar atividades para a melhoria do bem-estar ou realizar dias temáticos que ajudam a aliviar o tempo de espera e de internamento nos hospitais.
SPEAK – numa altura em que muitas crianças refugiadas (e mesmo adultos) chegam a Portugal, ajudar a aprender uma língua, quer a sua língua nativa ou outra em que seja fluente pode fazer a diferença na vida destas pessoas.
Just a Change – neste projeto os voluntários ajudam a reabilitar casas de forma intensiva durante as férias escolares em todo o país.
EUSOUDIGITAL – programa de capacitação digital de adultos. Este projeto pretende ensinar um milhão de portugueses a usar a internet e a tornar o seu dia-a-dia mais simples e menos solitário.
Programa Restolho – o voluntário pode colaborar na recolha de alimentos que, por terem pequenos defeitos ou por não terem o calibre certo, não podem ser comercializados. Estes produtos são depois entregues a instituições.
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Plataformas
Bolsa do Voluntariado – reúne organizações e empresas nas áreas de desporto, ambiente, novas tecnologias, educação, saúde, solidariedade social, entre outras.
Portugal Voluntário – disponibiliza informação relativa à oferta e procura do voluntariado, em todos os domínios de atividade. É necessária a inscrição na plataforma.
Entreajuda – encaminha os voluntários para o apoio a instituições de solidariedade social no combate à pobreza.
Portal Europeu da Juventude – pode encontrar oportunidades de voluntariado em todo o mundo.
Programa Junior Achievement Portugal – procuram voluntários para ajudar crianças e jovens através de programas de literacia financeira.
Benefícios do voluntariado
Ficar a conhecer-se melhor
Fazer voluntariado pode ser uma forma de se ficar a conhecer melhor – os seus talentos, interesses e competências. Ou seja, pode ajudá-lo a crescer pessoal e profissionalmente.
Adquirir novos conhecimentos
Nas ações de voluntariado, adquire novos conhecimentos que podem ajudar quer na sua vida profissional, quer na sua vida pessoal. Ao recuperar uma casa, pode, por exemplo, ficar a saber como montar uma torneira, pintar uma parede ou simplesmente vedar uma janela. E, claro, por menor que seja a ação, deve sempre incluí-la no seu curriculum.
Desenvolver competências sociais
Ao fazer voluntariado, mostra que é empático, altruísta, proativo, tem autoestima e capacidade de interagir com os outros. Este é um perfil muito procurado pelos empregadores.
Alargar a sua rede de conhecimentos pessoais (networworking)
O voluntariado dá-lhe a oportunidade de conhecer pessoas. Estas podem estar, ou não, na sua área profissional. Assim, vai conseguir estabelecer uma rede de contactos que podem ajudar no mundo do trabalho (e não só).
Obter experiência
Se estiver a estudar e o voluntariado for na sua área profissional pode obter experiência comprovada rapidamente e, assim, impulsionar a sua entrada no mercado de trabalho.
Valorização e realização pessoal
O voluntariado transforma as pessoas, dizem os especialistas. Ajudar os outros traz uma sensação de plenitude, esperança, orgulho e valorização do seu próprio trabalho. Mas vai sentir também que as suas pequenas ações podem ajudar a transformar o mundo.