Fundo de oportunidade pode parecer-lhe um termo estranho já que, regra geral, quando falamos em poupança é mais usual falar em fundo de emergência. Mas, de facto existe e tem como finalidade, como o nome indica, responder a oportunidades com que se depare.
Certamente já pensou que se tivesse dinheiro comprava um frigorífico daqueles que há muito sonha ter e que agora até está com desconto; ou que faria uma viagem a um país distante e que está em promoção na agência de viagens; ou que até investia num negócio que alguém lhe propôs. Ou seja, se tivesse dinheiro “a mais” usaria numa oportunidade que surgiu. Pois, é para estas situações que serve o fundo de oportunidade.
Logo, não o confunda com fundo de emergência. São distintos e destinam-se a situações diferentes.
Fundo de oportunidade e fundo de emergência: as diferenças
Um fundo de emergência (que todos deveríamos ter), destina-se a fazer face a uma emergência. Ou seja, a responder a imprevistos, sem comprometer o seu orçamento mensal. Serve, por isso, para cobrir despesas inesperadas, como por exemplo a reparação do carro, uma doença ou a compra de uma máquina de lavar roupa porque a sua se avariou. E, claro, para a situações, também elas inesperadas, de desemprego ou redução de rendimentos.
A finalidade de um fundo de oportunidade é outra. Destina-se a ser aplicado em situações únicas com que pode deparar, seja de investimento ou de compra de um bem móvel ou imóvel. Isto é, permite-lhe “agarrar” certas oportunidades, sem ter de mexer no seu fundo de emergência ou orçamento mensal.
Por serem distintos, são valores que deve ter separados, Mas lembre-se que não deve gastar o fundo de emergência em situações de oportunidade. Porém, quando gastar parte de um deles, o seu objetivo seguinte deve ser repor esse valor.
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Fundo de emergência é mais importante que o fundo de oportunidade
O valor que colocar em cada um dos fundos vem da poupança que conseguir fazer. Ou seja, saem apenas dos seus rendimentos.
Por isso, importa tem de ter bem claro qual dos dois é mais importante. Logo, não deve ter dúvidas: o fundo de emergência é o mais importante. Por isso, só depois de o ter constituído deve começar a criar o fundo de oportunidade.
Só depois de assegurar que em caso de imprevisto ou quebra de rendimentos consegue manter a sua vida financeira estável, ou seja, assegurar as suas despesas mensais correntes, deve focar-se no fundo de oportunidade.
O valor ideal de cada um dos fundos
Como o fundo de emergência visa a sua tranquilidade financeira em situações complicadas, o seu valor deve cobrir as suas despesas mensais pelo período em que previsivelmente recuperará a sua fonte de rendimentos.
Faça as contas aos seus gastos mensais, como a renda ou prestação da casa, prestações de outros empréstimos, contas de água, luz e telecomunicações e internet, seguros, alimentação, escolas das crianças e transportes. O valor deste fundo deve ter, pelo menos, o equivalente a seis meses de despesas correntes mensais. Idealmente, um ano.
Assim, se as suas despesas mensais forem de 800 euros, ponha de lado 4.800 euros, ou 9.600 euros, consoante faça um fundo com 6 ou 12 meses de despesas. Pode parecer muito, mas lembre-se que vai permitir-lhe dormir descansado.
Por outro lado, o fundo de oportunidade não tem um valor ideal, será aquele que quiser e que conseguir juntar.

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Fazê-los sequencialmente ou ao mesmo tempo?
Embora o ideal seja constituir estes fundos em sequência, ou seja, o fundo de oportunidade só após ter assegurado o fundo de emergência, deve ponderar o que mais se adequa à sua situação.
A sua opção pode ser constituir os dois em simultâneo, retirando o valor para ambos mensalmente do seu rendimento, ou constituir o fundo de oportunidade com rendimentos extras que possa conseguir ou usando os subsídios de férias, Natal ou mesmo o reembolso do IRS.
Se a sua opção for retirar o valor para ambos do seu ordenado, do montante que destinar à poupança defina que parte se destina a cada um dos fundos. Mas, pondere destinar um valor superior ao fundo de emergência até este estar próximo do seu valor ideal.
Se a sua opção for constituir o fundo de oportunidade a partir de rendimentos extras “ponha mãos à obra”. Faça uma limpeza no seu roupeiro e nos armários e venda o que já não usa. Arranje um part-time: leve os cães da vizinhança à rua, dê explicações. Todo o dinheiro extra é bem-vindo.
Não deixe o dinheiro parado
Por estes dias, ter o dinheiro na sua conta à ordem é como ter o dinheiro debaixo do colchão, e com a inflação, vai estar a perder dinheiro e poder de compra.
Imagine que tem 1.000€ na conta à ordem e este montante daria para fazer a tal viagem. Como não pode ir, deixa para o ano que vem. Com uma taxa de inflação de 2%, por exemplo, no próximo ano a viagem vai custar 1.020€. Ou seja, o dinheiro do seu fundo de oportunidade já não chegaria para pagar a viagem. Dito de outra forma, perdeu poder de compra.
Agora imagine o mesmo para o seu fundo de emergência. Juntou para 1 ano de despesas, mas com a inflação já não teria o suficiente para cobrir esse valor. Voltemos ao nosso exemplo. Tinha 800€ de gastos mensais de pôs de parte o equivalente a 6 meses, ou seja 4.800€. No próximo ano os gastos mensais inflacionados seriam de 816€. O valor do fundo só ia cobrir 5,8 meses.
Assim, a solução pode ser rentabilizar o valor que tem guardado nos dois fundos. Mas, atenção, há cuidados a ter.
Cuidados na aplicação dos fundos de oportunidade e emergência
1. Assegure-se que o seu dinheiro é sempre seu
O dinheiro que colocou os fundos veio dos seus rendimentos, certamente não quer pô-lo em causa. Assim, coloque o seu dinheiro em produtos sem capital garantido. É o seu dinheiro e ter acesso, sem risco de perder parte, é seguramente muito importante.
2. Certifique-se que tem acesso ao dinheiro quando dele precisa
Lembre-se da finalidade dos fundos: se precisar do dinheiro tem de ter rapidamente acesso. Assim, evite produtos que não lhe permitam ter acesso ao dinheiro de imediato ou em muito curto prazo. Ou seja, escolha produtos com liquidez e mobilizáveis.
3. Tente cobrir a taxa de inflação
Tenha também em conta que a taxa de rentabilidade deve ser superior à taxa de inflação. Só assim vai estar, verdadeiramente, a ganhar dinheiro. Ou, no mínimo, a não perder dinheiro que poupou.
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