Um dos temas pelo qual sou mais contactado e onde dou o meu apoio de consultoria para agências e marcas de mediação imobiliária é na revisão, definição e elaboração do manual de procedimentos.
As agências de mediação imobiliárias não têm como foco o produto, ou seja, os imóveis. O seu foco está na captação, recrutamento e acompanhamento de pessoas que prestem o serviço de mediação imobiliária profissional que consiste na ajuda do processo de venda, compra ou arrendamento de imóveis, garantindo a estas pessoas o sistema, o ecossistema e os recursos necessários para que possam garantir o sucesso das suas transações e a evolução do seu negócio para atingirem o seu potencial máximo dentro da agência.
O manual de procedimentos é uma peça fundamental para ajudar qualquer profissional de mediação (e de outras áreas) a saber o que pode esperar e como deve agir para atingir as metas esperadas. Esta peça de gestão e comunicação interna é de extrema importância, pois define o sistema e alinha pessoas mostrando como se trabalha e todos os passos que são necessários para qualquer colaborador ser bem-sucedido ao nível operacional.
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A gestão, os recursos humanos, o marketing e a formação devem usar este documento para alinhamento e orientação da sua ação. É neste documento que reside a alma, os valores, as guidelines e as regras da marca que todos os elementos da empresa devem conhecer, reservando partes mais especificas para cada área.
O primeiro passo começa com a descoberta do porquê e do para quê do projeto ou da empresa. Esta introspeção, muitas vezes é a parte mais difícil de definir, mas é a que dá origem à visão, missão e valores. Só depois é que deve vir o como, e o que define o know-how para seguimento de um sistema.
Um bom manual de procedimentos integra a história da empresa ou do projeto, a sua ideia central e o que pretende resolver para dar resposta às pessoas, a uma comunidade, a um bairro, a uma cidade, a um país, ou ao mundo.
Pode parecer incrível como algumas empresas, e não são poucas, não têm qualquer tipo de documento deste género e continuam a sua caminhada, algumas de forma intrínseca através de um líder que navega e leva o seu projeto seguindo o seu pensamento e intuição, outras, sobrevivem sem grandes planos, nem visão, nem dados e com fortes dificuldades e desalinhamentos entre a operação e todas as estruturas de apoio.
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Recentemente assisti a uma imersão sobre liderança no MEO Arena em Lisboa com o Robin Sharma, um evento apoiado pelo Doutor Finanças que, pela primeira vez, criou a oportunidade de ouvir e falar com um dos autores mais reconhecidos na área de liderança. Houve uma história, das várias narradas, que me inspirou especialmente para a criação deste artigo.
Robin Sharma, fã incondicional de Steve Jobs, relata que a determinada altura, aquando da criação do primeiro Machintosh, a equipa responsável criou um ótimo hardware e principalmente software, a única coisa que faltava era cumprir a missão de o tornar desejável e altamente apetecível aos olhos de qualquer comprador e utilizador. A equipa esmerou-se e trouxe uma versão fantástica do que viria a ser a história de sucesso em relação ao estilo inconfundível da marca, Jobs deu-lhes os parabéns, mas disse-lhes que ainda havia uma falha, algo muito importante e que não poderia deixar de ser feito para se avançar.
Todo o exterior seguia uma linha de design sem falhas, mas a parte de dentro do computador, não seguia a mesma lógica, a equipa defendeu-se referindo que isso não tinha interesse, pois ninguém iria ver, Steve Jobs respondeu de forma implacável:
– “Mas nós vamos.”
Tal como a liderança, o sistema é aparentemente invisível e ambos os eixos partilham o mesmo princípio de sucesso:
– Fazer o bem, bem feito, mesmo quando ninguém está a ver, ou mesmo quando pensamos que não será necessário.
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