Conjunto de prédios em Portugal

Há mais de dois anos que a taxa de juro no crédito habitação não era tão baixa. Em março, a taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação foi de 3,11%, o valor mais baixo desde dezembro de 2022. Nesse mês, os juros fixaram-se nos 3,21%.

Este número representa uma redução de 0,7 pontos percentuais em relação a fevereiro. Nos últimos 17 meses, esta foi a 16.ª vez que o juro médio desceu no crédito habitação. A exceção vai para janeiro deste ano, quando houve um ligeiro aumento de 0,3 pontos percentuais.

Estes dados foram revelados pelo Banco de Portugal e fazem parte da mais recente nota de informação estatística sobre taxas de juro e montantes de novos empréstimos e depósitos.

Crédito habitação mobilizou 2.381 milhões de euros

No montante de novas operações, o Banco de Portugal considera tanto os contratos totalmente novos como os contratos renegociados. Em conjunto, representaram 2.381 milhões de euros na finalidade de habitação. Ainda assim, a diferença de peso entre as duas componentes é evidente.

Se os contratos totalmente novos somaram 1.951 milhões de euros (mais 265 milhões do que em fevereiro), as renegociações ficaram-se pelos 430 milhões (menos 34 milhões). A redução do montante renegociado, que acontece pelo terceiro mês consecutivo, poderá estar relacionado, em parte, com as descidas das taxas de referência por parte do Banco Central Europeu.

É que estas descidas também influenciam a Euribor, que tem estado, de forma geral, a descer desde o início do ano. Assim, quem tem empréstimos indexados à Euribor, acaba por sentir menos urgência em renegociar.

Os dados mostram ainda que “o crédito concedido a mutuários com idade igual ou inferior a 35 anos representou 56% do montante de novos contratos para habitação própria permanente concedidos em março”. Este número é muito semelhante ao de fevereiro, quando os jovens representaram 55% dos novos empréstimos.

Apesar de o Banco de Portugal não apontar nenhuma explicação, este domínio coincide com o terceiro mês em que esteve em vigor a garantia pública no crédito à habitação. Esta medida permite que os jovens até aos 35 anos tenham financiamento bancário a 100% na compra de casa para habitação própria permanente.

Leia ainda: Garantia pública: O apoio financeiro pode terminar antes de 2026?

Taxa mista continua a preferida e prestação média baixa quase nada

Sem alterações: é este o cenário na escolha do tipo de taxa associada às novas operações de crédito habitação. A taxa mista voltou a ser a preferida, com os mesmos 71% de fevereiro, num domínio que já dura desde outubro de 2023.

Do mesmo modo, as taxas variável e fixa mantiveram o mesmo peso que tinham registado em fevereiro: 23% e 6%, respetivamente.

Olhando para os dados, não é difícil de perceber a preferência pela taxa mista. Nesse tipo de contratos, o juro médio foi de 2,93%, enquanto que nos empréstimos a taxa variável foi de 3,32% e nos financiamentos a taxa fixa foi de 3,54%.

Ainda assim, no stock de empréstimos, a taxa variável continua a dominar (59%), fruto da grande preferência que esta modalidade tinha quando a Euribor estava em valores negativos.

Olhando para a prestação média, a redução foi muito ligeira, passando de 310 euros em fevereiro para 309 euros em março. Ainda assim, o suficiente para o Banco de Portugal destacar que é “o valor mais baixo desde setembro de 2023”.

Leia ainda: Euribor: Qual o impacto na minha prestação?

Financiamento ao consumo e outros fins sobe pelo segundo mês consecutivo

Nas modalidades de crédito ao consumo e para outros fins, voltou a registar-se um aumento dos montantes negociados pelo segundo mês consecutivo. No primeiro caso, a subida foi de 18 milhões de euros, para 585 milhões de euros. Ainda assim, uma subida inferior à registada em fevereiro (36 milhões).

Já no financiamento para outros fins, a subida foi muito semelhante à de fevereiro: houve mais 25 milhões de euros negociados, num total de 237 milhões de euros.

Leia ainda: Crédito ao consumo: O que deve saber antes de avançar

Descida dos juros prejudica depósitos

Tapa de um lado, destapa do outro. É assim com a descida dos juros. Se por um lado é positivo quando o objetivo é pedir dinheiro emprestado, por outro prejudica quem quer pôr o dinheiro a render em depósitos a prazo.

Em março, “a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares diminuiu pelo 15.º mês consecutivo”, passando de 1,83% para 1,69%. Ainda assim, o montante de novas operações aumentou 1.230 milhões de euros, totalizando 12.909 milhões de euros.

Como já vem sendo hábito, os depósitos até um ano continuam a ser aqueles com taxas mais competitivas e representaram 95% das operações, apesar de a taxa de juro média ter descido 0,14 pontos percentuais, para 1,70%.

Leia ainda: De Frankfurt para o seu bolso: Este é o impacto do corte de juros do BCE na sua vida

CréditoCrédito Habitação