Painel de debate sobre intermediação de crédito com Paulo Figueiredo, da Cofidis, Sandra Ramos Dias, do Novo Banco e Luís Brites dos Santos

Portugal está na cauda da Europa, quando o tema é o conhecimento em finanças e a intermediação de crédito pode ajudar a contornar este desafio.  

A iliteracia financeira é um calvário que temos de combater de forma clara”, defendeu Paulo Figueiredo, diretor comercial da Cofidis, durante um painel dedicado à intermediação de crédito, no âmbito da primeira convenção do Doutor Finanças. E neste campo, “o equilíbrio entre o digital e humano é o caminho claro e de sucesso”, acrescentou Paulo Figueiredo.  

Os dados são preocupantes. Portugal ocupa o penúltimo lugar em literacia financeira entre os 27 países da União Europeia, apenas à frente da Roménia. No balcão das instituições, estes números assumem a forma de gente.  

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“Existem clientes com capacidade de estudar quando precisam de tomar decisões, mas depois existe um conjunto” de pessoas com falta de literacia financeira, relata Luís Brites dos Santos, diretor de Crédito à Habitação do banco CTT. E o problema não fica por aqui. O responsável recorda que, se não houver quem transmita conhecimento sobre informação financeira, pode abrir-se uma porta para a desinformação sobre este tema, sobretudo nas redes sociais.  

Hoje, o concorrente da literacia financeira são os comentários no Reddit, já que a pessoa não sendo conhecedora, vê os três primeiros comentários, e se estes forem negativos risca, se for positivo vai” avançar para a compra de um produto ou para a tomada de uma decisão sobre as suas finanças pessoais, alerta Luís Brites Santos. 

Nesta luta contra a falta de conhecimento financeiro, é fulcral a presença dos intermediários de crédito, que há uns anos acabaram por ocupar de forma expressiva algumas tarefas, que antes pertenciam à banca, incluindo a literacia. 

Também Sandra Ramos Dias, diretora de marketing e head of banking partnerships, acredita nesta ideia e recorda que, “numa determinada fase, deixou espaço para que outros tomassem o lugar que era tradicional da banca”. 

Ora, perante esta lacuna, “a intermediação [de crédito] substitui a tarefa que os bancos deixaram de fazer”, começa por explicar o diretor de Crédito à Habitação do banco CTT. O responsável diz mesmo que “os bancos deveriam ter um papel na literacia financeira e que o deixaram de fazer”. 

É crucial uma mistura entre o digital e o balcão

Durante a conferência, os oradores concordaram ainda na necessidade de misturar o atendimento físico ao balcão com o acesso dos clientes, através dos canais digitais.

“Durante muito tempo havia este pensamento que o digital conseguia absorver tudo, havia uma corrente que defendia que o digital chega, mas obviamente que não”, recordou a responsável do Novo Banco, que deu como exemplo para defender este argumento, o facto de alguns intermediários de crédito começarem a ocupar espaços físicos que antes pertenciam aos bancos.

Por outro lado, tal não significa que só o acesso ao digital seja mau. Assim, “não devemos de ter medo com o que começa por ser digital”, defende Sandra Ramos Dias.

Neste campo, entre o atendimento digital e físico o segredo para o sucesso passa, como salienta Paulo Figueiredo, pela “transparência e a confiança“. Em concreto, a prática deve assim obedecer a um “paradoxo de estar tudo à rapidez de um clique, mas com apoio”, acrescenta o responsável da Cofidis.

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