O mercado imobiliário residencial em Portugal está a passar por uma fase no mínimo atípica. Por um lado, as casas nunca estiveram tão caras, tendo em conta o rendimento disponível da maioria dos portugueses, por outro, há escassez de casas face à procura existente. Sendo que qualquer medida no sentido de aumento de oferta para quem quer comprar casa a um preço mais acessível, demorará tempo a implementar, pois não se aprovam e constroem casas com a rapidez desejável.
Tudo isto faz com que o mercado continue com preços elevados e para quem especula, esta notícia é sempre excelente.
Mercado vendedor
A este tipo de mercado dá-se o nome de mercado do vendedor, pois é o vendedor que tem o queijo e a faca na mão.
O elo mais fraco está nesta fase do lado da compra, ou seja, do lado da maioria dos compradores que são sensíveis a necessidade de financiamento e competitividade de preços.
Para complicar ainda mais a situação, o mercado de arrendamento que servia muitas vezes de balança e alternativa para situações de desequilíbrio, também sofre hoje o mesmo problema: preços altos e escassez.
O único dado positivo é que a situação da banca, mais especificamente, as soluções de financiamento para crédito à habitação, continuam a aliviar a pressão com taxas de juro a descer e mais disponibilidade para financiar.
Para quem quer comprar casa sozinho, este cenário assusta, especialmente se o decidir fazer sem a ajuda de um profissional da mediação imobiliária ou intermediação de crédito.
Mesmo assim, vá em frente, pois a probabilidade de comprar ainda mais caro mais à frente é sempre uma possibilidade.
Se já está decidido, alguns passos para se preparar
- Defina bem se é o momento certo para si (e não de mercado) para fazer este investimento. Pense bem sobre o porquê, porque pretende mudar de casa? Para quê? Qual a necessidade, e não apenas o desejo;
- Antes de ir à procura, consulte o seu banco ou um intermediário de crédito para perceber qual é a sua capacidade de financiamento e valor de compra limite tendo em conta os capitais próprios disponíveis;
- Procure em vários canais. Faça o que os profissionais chamam de prospeção e não se limite apenas a consultar os portais e sites, vá ao terreno porque por vezes, as melhores oportunidades não estão na net;
- Informe familiares, amigos e conhecidos da sua intenção, fales-lhe sobre o que está à procura, as pessoas gostam de ajudar;
- Quando encontrar, marque a sua visita, raramente se compra sem ver!
- Garanta que toda a documentação do imóvel está em ordem antes de começar a negociar, pode pedir o apoio a um solicitador ou mesmo um advogado para este efeito;
- Se puder, faça uma vistoria certificada para perceber se o imóvel está em condições para a proposta de compra que pretende fazer.
- Agora que já decidiu que é a casa certa e que tem todas as condições para avançar, comece a negociar. A negociação é uma arte e é nesta fase que começa a sentir a falta de um apoio especializado;
- Antes de apertar definitivamente a mão através de um CPCV – Contrato-Promessa de Compra e Venda e se recorreu a um financiamento, certifique-se que a pré-aprovação está válida e aprovada dentro dos valores pretendidos e necessários;
- Não se esqueça dos custos de transação, impostos, escritura, pequenas obras, mudanças, entres outros como por exemplo os contratos de fornecimento de energia e telecomunicações.
Comprar casa sozinho envolve tempo, disponibilidade, consistência, conhecimento e assertividade. É uma compra de grande envolvimento onde o erro, é difícil de corrigir e se paga caro.
Apesar de ser suspeito, sou apologista de que devemos recorrer sempre a um profissional que saiba como nos ajudar, seja em que área for.