O Dia Mundial da Terra, é celebrado a 22 de abril, desde 2009. Tem como objetivo sensibilizar e mobilizar governos, entidades públicas e privadas e a sociedade, na preservação do meio ambiente, através da concretização de medidas e ações que protejam o planeta, podendo, assim, chegar-se a um equilíbrio justo entre as necessidades económicas, sociais e ambientais das gerações presentes e futuras.
Todos os anos este dia tem um tema e em 2025 o tema escolhido foi “Nosso poder, nosso planeta”, alertando para a importância e necessidade de preservar os recursos naturais. Este tema apela, também, a uma maior disponibilidade e uso das energias renováveis, propondo triplicar a eletricidade limpa até 2030, para deste modo construirmos um futuro saudável, sustentável, equitativo e próspero para todos os países e todas as pessoas.
À necessidade de desenvolver e criar um maior acesso a preços justos à energia renovável, juntam-se a necessidade de medidas para combater a poluição, parar a perda de biodiversidade e fornecer o financiamento necessário para proteger o planeta.
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Três perguntas que neste ponto nos podemos fazer:
Porquê a aposta nas energias renováveis?
O caminho é fornecer energia praticamente ilimitada e de baixo custo a todas as pessoas, e deste modo as energias renováveis são o caminho para melhorar o nível de vida e, também, a nossa saúde. Deixo 2 exemplos concretos:
- A redução da poluição atmosférica causada pela queima de combustíveis fósseis (para a existência da energia / eletricidade) pode diminuir significativamente o risco de doenças respiratórias e cardiovasculares, incluindo asma, bronquite, ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais.
- Quanto mais energia proveniente de fontes renováveis existir maior será a redução dos custos associados à energia e mais acesso a energia haverá em todo o mundo (especialmente em comunidades remotas, costeiras ou isoladas).
O que tem a poluição e a biodiversidade a ver com tudo isto?
No que se refere à poluição, devemos olhar para a poluição no ar, na terra e nos oceanos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a poluição do ar representa uma “ameaça catastrófica” à saúde pública, sendo a causa de 7 milhões de mortes anualmente relacionadas a doenças respiratórias, cardiovasculares e pulmonares, além de cancro. E se quisermos um olhar mais financeiro, estima-se que os custos com cuidados de saúde por poluição do ar sejam de 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB) global.
Todos os anos, entre 5 milhões a 12 milhões de toneladas de plástico são despejadas nos oceanos. A poluição, o lixo nos mares, é uma das principais ameaças aos oceanos e à sua biodiversidade e, também, uma ameaça à nossa saúde e segurança.
No que se refere à biodiversidade, segundo dados da ONU, o planeta está a perder 10 milhões de hectares de florestas todos os anos, para termos uma ideia é uma área maior que a Islândia. E estima-se que, atualmente, cerca de um milhão de espécies animais e vegetais estejam ameaçadas e em risco de extinção.
É por isso que precisamos de proteger e restaurar os ecossistemas do nosso planeta, que sustentam todas as formas de vida na Terra. Preservar e restaurar os ecossistemas ajudará a acabar com a pobreza, a combater as alterações climáticas e a evitar a extinção em massa.
O que posso fazer para ter um papel mais ativo?
A Gallup World Poll, realizou, entre 2021 e 2022, um dos estudos mais abrangentes sobre atitudes individuais em relação às alterações climáticas, envolvendo 125 países e 130 mil pessoas, revelando que a ação climática é um tema relevante e que o número de pessoas comprometidas com a ação climática é significativo (maior do que se pensava).
Segundo o mesmo estudo, 86% das pessoas entrevistadas aprovam normas sociais pró-clima, e 89% pedem para que os seus governos façam mais para enfrentar as alterações climáticas. No entanto, o mesmo estudo identifica que as pessoas subestimam a disposição dos seus concidadãos em agir, o que pode dificultar a mobilização coletiva.
No entanto, a mudança depende, também, de cada pessoa e dos comportamentos que adotamos, não podemos ficar indiferentes. Se cada pessoa, começar a ter hábitos mais ecológicos, menos poluentes, escolhas mais responsáveis e atitudes mais sustentáveis, podemos mudar o rumo das alterações climáticas, e do nosso planeta.
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10 ideias para ajudar o Planeta Terra
Para ajudar partilho uma lista de 10 passos simples, que podem ser um bom começo:
- Reduza ao máximo o consumo de produtos descartáveis e de uso único: podemos optar por sacos de pano ou sacos que podemos usar mais vezes; ou no escritório optar por ter uma chávena de vidro (que usamos as vezes que forem necessárias) em vez de beber café em copos descartáveis.
- Compre produtos orgânicos e certificados: deste modo estamos a recompensar os produtores, pescadores e empresas que são responsáveis, éticos e têm práticas ecológicas e sustentáveis.
- Compre local: ao apoiar os produtores, pescadores e empresas locais estamos a potenciar o crescimento da economia local, a promover bens que têm uma pegada de deslocação reduzida, e a ter acesso a produtos mais frescos.
- Privilegie férias mais ecológicas: ao viajar podemos optar por rotas e meios de transporte mais ecológicos (muitas aplicações já nos indicam a rota menos poluente e sempre que possível podemos optar por meios de transporte que não sejam tão pesados a nível de carbono); podemos, também, procurar hotéis e operadoras turísticas que tenham implementado boas práticas de sustentabilidade.
- Opte por fontes energéticas mais limpas/renováveis e por atitudes em casa que diminuam o consumo de energia: terá vantagens nos seus custos mensais e estará a diminuir a sua pegada ecológica doméstica.
- Privilegie as deslocações de baixa poluição: em distâncias curtas opte por ir a pé, se possível pode usar bicicleta ou até o transporte público.
- Faça com que o seu dinheiro valha a pena: tudo aquilo em que gastamos dinheiro afeta o planeta, assim, nas nossas compras e gastos podemos optar por marcas, produtos e serviços que estão mais comprometidos com o uso responsável de recursos, com a transição energética e com práticas socialmente mais responsáveis. O mesmo se passa com o modo como investimos o nosso dinheiro, podemos optar por investimentos, contas poupança e PPR que são alinhados com os critérios ambientais, sociais e de governação, apoiando deste modo empresas e fundos que estão comprometidos com um mundo mais sustentável.
- Participe em atividades de voluntariado que promovem a regeneração da biodiversidade: podemos escolher atividades que vão desde limpeza de praias ou zonas costeiras, a limpeza de terrenos, plantação de árvores, entre outras.
- Informe-se: existe muita informação de qualidade e segura acerca dos mais variados temas relacionados com as alterações climáticas e até com propostas simples do que fazer. O poder da informação é, também, o poder da transformação, uma vez que ao conhecermos podemos mudar os nossos hábitos, podemos ser voz ativa e podemos inspirar as outras pessoas a fazerem o mesmo.
- Consuma menos, e reutilize, repare e recicle mais:
- Reduza (compre apenas o que necessita evitando o desperdício ou compras desnecessárias, a mesma regra pode ser usada para optarmos por produtos que têm menos plástico, por exemplo com menos embalamento);
- Reutilize (perceba se pode utilizar o objeto ou material para outro fim, opte pela economia circular que reutiliza materiais, seja em produtos que usam materiais reciclados seja na escolha de compras em 2ª mão);
- Repare (antes de deitar algo fora e comprar algo novo, perceba se pode ter arranjo); Recicle (faça a separação de resíduos e encaminhe para a reciclagem).
Em modo de conclusão, usando as palavras do Papa Francisco, em 2015, “a humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater o aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuam”, e cada pessoa tem responsabilidade para que esta mudança necessária aconteça.
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