Será que todas as pessoas têm de ser proprietárias de um imóvel? Será que as novas gerações vão continuar a comprar para viver?

Possivelmente, se a tendência de deslocação se mantiver nas gerações mais jovens, não. Afinal, ficar preso a uma casa pode não ser interessante para uma vida futura que hoje é mais dinâmica, mais incerta e mais flexível.

Leia ainda: Arrendamento, contrato, duração, vigência e terminação

Mas vamos voltar atrás…

Foi na altura da troika, com a impossibilidade da maioria dos portugueses de acesso ao crédito para compra que o mercado do arrendamento voltou a ser a solução. E muitas destas casas acabaram mais tarde por se vender aos próprios inquilinos, ou a investidores que viram aqui uma oportunidade de elevar ganhos não só com o arrendamento, mas com novas soluções de arrendamento a curto prazo.

O arrendamento voltou a democratizar-se, a procura aumentou, mas a regulação e licenciamento para nova construção não acompanhou a tendência e necessidade de tornar o arrendamento uma solução de habitação realmente viável num mercado em que a valorização de preços cresceu exponencialmente e deixou uma grande parte das pessoas que elegem viver em centralidade sem solução.

Leia ainda: Como aumentar a oferta no arrendamento?

Que soluções?

Se o Estado não bloquear novamente o aumento das rendas, se aliviar substancialmente a carga fiscal aos investidores proprietários, e se, ao mesmo tempo, ajudar os inquilinos qualificados com suporte de renda poderemos ter aqui soluções que podem incentivar e despertar o interesse por este tipo de investimento para quem o pode disponibilizar a curto prazo.

Criando melhores taxas de rentabilidade, pode-se construir uma alternativa ao flipping especulativo, o qual, numa altura de reajustamento, poderá não ser atrativo pelo risco de quebra de preços que, apesar de não se estar a verificar de forma evidente, pode acontecer com a clara redução de transações que se tem vindo a verificar.

Por exemplo, os Fundos de Investimentos Imobiliários residenciais foram criados para colocar oferta de arrendamento no mercado. Se se criar vantagens fiscais, pode-se criar estímulo que, quando bem utilizado em relação ao seu propósito, pode ser uma ótima solução de investimento para os pequenos e médios aforradores que aumentam o seu ganho e, ao mesmo tempo, colocam de forma célere oferta no mercado.

Portugal trata o arrendamento de forma marginal há décadas, esquecendo-se que o arrendamento é talvez o formato mais importante para se conseguir um mercado imobiliário equilibrado, evitando bolhas e outras situações de desequilíbrio extremo como a que vivemos hoje e que impacta todas as gerações que procuram uma casa para viver.

Leia ainda: Arrendamento: Quem tem direito a isenção de IMI?

Autores ConvidadosHabitaçãoImobiliárioVida e família