O que é um problema? É uma determinada pergunta ou ação que requer solução. Simples.

Estamos constantemente a resolver problemas ao longo do nosso dia. Por norma, são os chamados problemas de resposta simples, que o nosso cérebro resolve, de forma automática, com base em eventos passados. Se tenho sede, o que vou beber? Para uns, a resposta será água, para outros será outra coisa com base naquilo que são os seus hábitos.

O nosso cérebro procura sempre uma solução, mas quando está a lidar com um problema pela primeira vez, ainda não adquiriu o automatismo para saber o que fazer. Logo, entra em modo de stress à procura de respostas. Sendo o cérebro um sistema complexo, vai procurar soluções também elas complexas.

É normal que isso aconteça, está inscrito no nosso ADN encontrar soluções que nos permitam sobreviver, desde o tempo em que os problemas eram essencialmente de como caçar determinado animal ou conseguir encontrar determinado fruto, ou sobreviver ao frio. Para estes problemas foram criadas ferramentas, como a roupa que utilizamos nos dias de hoje.

Para evitar entrar em stress, gerando, potencialmente, problemas mais graves, como a depressão, é fundamental termos ferramentas para ajudar o nosso cérebro a decompor o problema.

Uma ferramenta poderosa é fazer perguntas. Em vez de procurar uma solução com base em conhecimento que está armazenado no nosso cérebro, vamos antes fazer perguntas e reduzir o problema àquilo que é a sua essência.

Para isso, podemos usar a ferramenta 5-whys“, os 5 porquês.

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Os 5 porquês

Com esta estratégia, vamos decompor o problema e perceber se podemos fazer alguma coisa para o resolver, ou chegar à conclusão de que não temos as ferramentas para tal. Cada pergunta deve estar direcionada à resposta do porquê anteriormente respondido.

Para percebermos o poder desta ferramenta, foquemo-nos no estudo “Messersmith, Donald H. 1993. Lincoln Memorial Lighting and Midge Study”, publicado em 1993, que usou o poder dos 5 porquês para resolver um dos problemas mais famosos do mundo. O Lincoln Memorial estava a deteriorar-se e, após muitas horas de análise, os cientistas considerarem que o problema eram os químicos utilizados para lavar regularmente o monumento. Será que era esse o problema?

1º porquê – Porque é que o monumento estava a deteriorar-se?

Porque o monumento era lavado frequentemente com químicos muito agressivos.

2º porquê – Porque era necessário usar químicos agressivos? 

Para limpar a elevada quantidade de dejetos que os pássaros largavam no monumento.

3º porquê – Porque é que existia uma elevada quantidade de dejetos de pássaros no monumento?

Porque havia uma grande quantidade de aranhas a viver no monumento e os pássaros alimentavam-se das aranhas. Por esse motivo, passavam muito tempo no local, libertando muitos dejetos.

Com apenas 3 porquês, podíamos concluir que já conhecíamos a raiz do problema e avançar para a solução.

4º porquê – Porque é que existia uma grande população de aranhas no monumento?

Porque ao entardecer juntavam-se muitos mosquitos perto do monumento e as aranhas alimentam-se desses insetos.

Estamos quase lá. Último porquê…

5º porquê – Porque é que ao entardecer havia um grande enxame de insetos no monumento?

Porque, ao final da tarde, acendiam-se as luzes do monumento e os mosquitos eram atraídos pelas luzes.

Solução: Mudar a forma como o monumento era iluminado. Vão desaparecer os mosquitos e, com eles, as aranhas. Os pássaros vão alimentar-se para outro lado, deixando de largar dejetos no monumento, e evitando a necessidade de limpá-lo frequentemente com químicos agressivos. Desta forma, o monumento será preservado.

As perguntas, quando bem feitas, têm o poder de desvendar soluções que não imaginávamos possíveis.

Na próxima vez que tiver de resolver um problema complexo, pode ter aqui uma ferramenta que o vai ajudar a definir melhor o problema e chegar à sua raiz. Com isso, poderá resolver o verdadeiro problema e não apenas um sintoma. Atacar os sintomas é uma boa forma de gastarmos o nosso tempo e dinheiro sem, de facto, resolvermos o problema.

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